sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Novo ano. Novos sonhos. Tudo de novo.

Olá queridos, que a paz de Cristo sempre esteja conosco!

Começo de ano, promessas antigas sendo renovadas...É praxe.
Graças a Deus tenho mais a agradecer do que pedir, 2010 foi um ano muito bom em todos os sentidos. E 2011 promete ainda mais.
Já inicio o ano em dois empregos, os quais eu tinha projetado como objetivos no fim de 2009. A sensação de realização é única, para muitas pessoas pode parecer pouco, mas só nós sabemos o valor das nossas conquistas.
Acabei de voltar de mais uma viagem ao Peru, só posso dizer que amo mais ainda esse país de gente amável, vou postar a respeito da viagem daqui a alguns dias.
Para finalizar, hoje estou ficando mais experiente (para não dizer mais velha), é incrível como tão rápido o tempo passa...Faz pouco tempo e eu era apenas uma debutante cheia de sonhos. E lá se foram 13 anos desde então. Façam os cálculos.

Um beijo a todos e um Ano Novo cheio de sonhos e realizações. :)

Cris

domingo, 31 de outubro de 2010

A Balsa

Olá queridos, que a paz de Cristo esteja com vocês, na balsa ou não!

Sou apaixonada por essa terra abençoada por Deus, todas as vezes que perguntam onde nasci respondo o seguinte:

- Nasci em Porto velho (RO), mas sou acreana!

Uma das coisas que me fascina é a linda e rica história (com h) desse povo que lutou para ser brasileiro, confesso que todas as vezes que ouço o hino acreano meus olhos chegam a marejar de lágrimas devido a intensidade de sua letra. Também adoooro as expressões locais, e uma que sempre chamou minha atenção foi essa história da balsa.

Aqui é costume dizer quando um voto é vencido, que o candidato foi para a Balsa, ou seja, "pegar balsa" significa perder uma eleição. A história dessa balsa é bem humor negro, um misto de brincadeira com pitadas de ironia...

Encontrei um texto esclarecedor, de autoria do marqueteiro Gilberto Braga, da Companhia de Selva, sobre nossa folclórica balsa:

"Esta é genuinamente acreana: pegar balsa significa perder uma eleição. É um misto de brincadeira, chacota e vingança do povo acreano contra os seus políticos. Quando um candidato perde uma eleição, diz-se que ele “pegou balsa”, ou “embarcou na balsa de Manacapuru”. Isso pode ser dito de forma branda, com tom de brincadeira, mas pode ser dito ou entendido como uma ofensa terrível, uma humilhação a mais para quem já saiu humilhado das urnas.

Segundo o folclore político local, depois de cada pleito eleitoral a balsa pra Manacapuru parte do Porto da Gameleira.
Os candidatos derrotados embarcam acompanhados dos assessores e cabos eleitorais mais importantes. O momento mais dramático da viagem dá-se lá longe, já depois da Boca do Acre, quando a balsa cruza a curva que descortina o Estado do Amazonas e aí se aproxima um cardume de surubins para chorar em torno dos perdedores, que surubim é peixe que chora e chora alto. É uma tristeza, um desconsolo sem tamanho. Pegar a balsa e ouvir o choro do surubim é o pior instante da carreira de qualquer político acreano.

Essa história da balsa é tão divertida quanto cruel, pois quem vence e é festejado numa eleição, pode muito bem comandar a balsa do pleito seguinte. Estando na política, é difícil evitar essa viagem. O sujeito perde a eleição e no outro dia não pode sair nas ruas, as pessoas, os amigos, as crianças lhe abordam:

- Pegasse balsa, heim? Depois me conta como é o choro do surubim.

E o pior vem nos jornais, com charges de páginas inteiras, mostrando a balsa repleta de candidatos vencidos, a maioria de passageiro, alguns ainda pior, ralando como tripulante, outros resistindo ao embarque.


Única, original e absolutamente integrada à cena política do Acre, descrita e comentada por toda população, a balsa é uma manifestação cultural impressionante, a mais genuína contribuição acreana ao folclore político nacional.

Consta que a história da balsa vem de tempos priscos.
Li que o professor Marcos Fernandes, da Universidade Federal do Acre, descobriu que essa história começou ainda no começo do século. Em 1920 o Governo Federal teria destituído o prefeito do Departamento do Alto Acre, como se fosse pouco, mandou também deportar o alcaide em desgraça. A ordem foi cruel: embarcar o homem numa balsa de propriedade do Governo, largando-o abandonado na primeira curva após o Rio Acre entrar no Estado do Amazonas.

Documentos constantes do acervo do saudoso senador Guiomard Santos, ex-governador do território e patrono da elevação do Acre à condição de Estado, confirmam a longevidade da balsa, da qual, aliás, nem o próprio Guiomard escapou. Os alfarrábios de Santos registram a existência da balsa na década de 50, com jornais locais da época anunciando com entusiasmo o embarque do delegado Aluizio Queiroz, que teria levado uma sova nas urnas em respostas a sua suposta truculência.
Queiroz, no entretanto, resistia, declarando: “não subo na balsa para não viajar em companhia de alguns desafetos políticos”. Mas foi, o que já é um registro inconteste da condição de instituição democrática e popular da balsa.

Mas o folclore político nacional deve creditar o mérito da afirmação dessa fantástica contribuição acreana, ao cronista Aluizio Maia. A partir do fim dos anos 60, ela firmou-se com seus artigos bem humorados, anunciando a preparação da balsa durante as campanhas eleitorais e, depois das eleições, fechando sua ilustre lista de passageiros. Aluizio também teve o mérito de definir os pontos atuais de partida e de chegada da balsa. Se no primeiro registro dos anos 20 ela largou um solitário passageiro após a primeira curva do Rio Acre no Estado do Amazonas, modernamente parte lotada do Porto da Gameleira, na margem direita do rio, no 2º Distrito da capital Rio Branco, com destino a bucólica cidade de Manacapuru, Amazonas.

Mas agora a balsa se materializa muito além dos artigos de Aluizio. As charges dos jornais são esperadas, repercutidas na televisão e multiplicadas em cópias xerox ou reproduzidas nas gráficas de Rio Branco, para alegria do povo e desespero dos ilustres passageiros, que, por vez, reproduzem o choro triste do surubim".

Bom meus queridos, se surubim chora ou não é algo que não sei dizer, mas uma coisa eu sei: eu choro de rir com essa balsa! Como não poderia deixar de ser, eis a Balsa para Manacapuru 2010:


E aí, teu candidato foi para a Balsa ou não?

Uma ótima semana a todos!



Novo velho horário

Olá queridos, que a paz de Cristo esteja com todos nós!

Fim de eleição, mais um ciclo que se encerra. Nas bandas de cá assim como no restante do país as discursões foram acaloradas, cada qual defendendo seus candidatos com unhas, dentes, dedo no olho, golpe baixo, palavras de baixo calão...Valia tudo, até meter as mães no meio.

Well, Dilma foi eleita como previsto, boa sorte para ela (apesar de eu não ser sua eleitora).

E parabéns a Marina Silva, por mostrar que ética, inteligencia, serenidade e até uma boa dose de elegância nas maneiras alavancaram uma campanha que muitos consideravam uma "galinha morta", parabéns porque foi um ótimo exemplo de como se faz uma campanha limpa, honesta e com clareza de idéias sem apelar para a baixaria. Espero que os futuros presindenciáveis, governadoráveis e outros "áveis" mirem-se nesse exemplo.

Aqui onde o vento faz a curva não teve segundo turno para o governo de estado, somente para eleger presidente e um referendo sobre o fuso horário. É sobre isso que quero abordar mais.

A questão do fuso horário do estado gerou muitas polêmicas. O Acre e algumas cidades do sul do Amazonas eram os únicos a ter uma diferença de 2 h em relação ao horário de Brasilia. Alguém então achou que era a hora de diminuir esse "atraso" em relação à Brasilia, e assim, voilá, agora temos apenas 1 hora de diferença em relação à Brasilia. O sol demora a aparecer e tarda a desaparecer no horizonte das terras chico mendianas, onde, segundo estudos, o vento faz a curva...

Por conta da mudança empurrada goela abaixo da acreanada, alguns horários de instituições tiveram que ser modificados, p ex, o horário de entrada nas escolas. Claro, o povo chiou.
E por conta do chiado dos acreanos houve mobilização do pessoal de cima para tentar reverter a situação. Bem, o resultado foi esse referendo. E a vontade soberana da maioria triunfou nesse dia nublado de inverno amazônico, teremos um novo horário: o velho horário.

Foi simples: quem era a favor de manter o horário atual votou no 55 e que era contra votou 77.


É, não foi só o Serra que foi na balsa para Manacapuru*...

Um abraço, ótima semana a todos!

*Explicarei essa expressão em um post.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Momento político

Olá queridos! Que a grandiosa paz de Cristo esteja com todos, cristãos ou não cristãos.

Depois da malfadada Copa do Mundo o assunto mais recorrente em botecos, escolas, rodas de amigos, forrósbodós* da vida e qualquer lugar que tenha duas pessoas é com certeza a eleição do proximo domingo. Dilma, Serra, Marina ...E em menor escala: Plínio, Ei Ei Ei Mael (lembro do dingle do sujeito), Rui Pimenta, Levi Fidélix, entre outros que não lembro o nome...Quem será o proximo homem mais influente da America do Sul??? Ou melhor, será que esse status será mantido?

Aqui na parte de cima do mapa (mais a oeste), corre a boca pequena a vitória quase certa dos membros do clã Viana, sim, digo membros porque o irmão mais novo concorre ao Senado (é ex governador do estado) e o promogênito concorre ao Governo (atual senador). Como podem ver, apenas uma inversão-troca de papéis (ou não?). É esperar para ver...O certo é que o Acre "respira" PT desde 1998. Como dizia um "poetero" colega de facudade: "Não sou contra, nem a favor...Muito pelo contrário".

Para rir um pouco, ou rir para não chorar, algumas tirinhas da afiada Mafalda.


Bom, é isso, boa eleição a todos!
A hug
*forróbodó: escrita duvidosa, não lembro bem e tenho preguiça de pesquisar no momento.

domingo, 25 de abril de 2010

Almoço do domingo

Olá amigos, que a paz de Cristo esteja com vocês!

Domingo é um dia dedicado à família, mesa farta, diversão, crianças pela casa, muita louça suja...Mas era algo que eu já estava sentindo falta.
A nossa casa é pequena (ainda, a nova está quase pronta), por isso evitamos fazer almoços com muitos convidados. Mesmo assim fizemos uma feijoada (quer dizer, eu fiz) para comemorar o aniversário do meu padrasto, vieram quatro dos oito filhos dele, três netos, minha irmã e o marido, três amigos e a sogra de mamãe, ou seja, deu casa cheia!
Mas apesar do aperto correu tudo muito bem, o almoço foi delicioso e a diversão foi garantida.
Nós nascemos mesmo para viver em sociedade, para estabelecer relacionamentos. Como é maravilhosa essa integração, apesar de não ter laços de sangue com os filhos e netos do meu padrasto nos damos bem e gosto muito dos meus "sobrinhos-postiços".
Algo que para eu parecia ser estressante acabou sendo relaxante, ultimamente tenho focado muito no trabalho e andava um pouco anti-social.

Ah, o menu foi o seguinte:

Feijoada;
Arroz branco soltinho (temperado com alho);
Farofa de manteiga e alho (bem sequinha, crocante);
Couve refogada (temperada com azeite);
Laranjinha...
De sobremesa, pudim de café e pavê de coco com chocolate.


Bom, a foto é do google, mas dá pra ter uma idéia...Ah, hoje o dia começou nublado, tempinho gostoso, mas à tarde o sol voltou a brilhar nas terras chico mendianas!

Uma semana abençoada a todos!

sábado, 10 de abril de 2010

A chuva nunca para de cantar...A chuva nunca para de descer

Olá queridos, que a paz de Cristo esteja com todos vocês!

Nesse momento estou assistindo o JN, o coração ficou apertado com toda essa tragédia dos nossos irmãos cariocas ( não cariocas). Acaba sendo uma tragédia de todos os brasileiros!

Incrível como temos grandes extremos em nosso país-continente, enquanto que no sertão a chuva é esperada com ansiedade, no sudeste pedimos a Deus que ela vá embora logo. Me sinto mal por não poder ajudar diretamente, me senti na pele desses irmãos que perderam suas famílias, só de pensar nessa possibilidade as lágrimas rolam no meu rosto... ;(

Nos resta orar, pedir a Deus em favor dessas famílias.

Um abraço a todos

* O título da postagem é um trecho de uma música do grupo pernambucano Cordel do Fogo Encantado "Preta"

preta
leva teu xale azul
de seda branca e azul
que vai chover
a chuva nunca pára de cantar
a chuva nunca pára de descer
preta
leva teu xale azul
de seda branca e azul
que vai chover
a chuva nunca pára de cantar
a chuva nunca pára de descer
e a chuva vem pequena e grandiosa
acalenta ou revira o nosso lar
preta
leva teu xale azul
se seda branca e azul
que vai chover
a chuva nunca pára de cantar
a chuva nunca pára de descer
e a chuva (chuva)
com o seu sonho de água
vem acesa pra lavar o que passou
a chuva nunca pára de cantar
a chuva nunca pára de descer
a chuva nunca pára de cantar
a chuva nunca pára de descer
a chuva nunca pára de cantar
a chuva nunca pára de descer

quinta-feira, 18 de março de 2010

Planeta Fome

Olá queridos, que a paz de Cristo esteja com vcs!

Recebi esse texto de um daqueles desconhecidos que vc não sabe como mas o a pessoa tem seu email. Geralmente deleto essas mensagens, correntes, slides e etc antes mesmo de abrir. Um fato novo é que abri um desses emails e me deparei com esse texto. Leiam e comentem.

*A FOME DE MARINA*
*Por José Ribamar Bessa Freire*

Há pouco, Caetano Veloso descartou do seu horizonte eleitoral o presidente
Lula da Silva, justificando: Lula é analfabeto. Por isso, o cantor baiano
aderiu à candidatura da senadora Marina da Silva, que tem diploma
universitário. Agora, vem a roqueira Rita Lee dizendo que nem assim vota em
Marina para presidente, porque ela tem cara de quem está com fome.
Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se ficar a Rita come.
Tais declarações são espantosas, porque foram feitas não por pistoleiros
truculentos, mas por dois artistas refinados, sensíveis e contestadores,
cujas músicas nos embalam e nos ajudam a compreender a aventura da existência humana.

Num país dominado durante cinco séculos por bacharéis cevados, roliços e
enxudiosos, eles naturalizaram o canudo de papel e a banha como requisitos
indispensáveis ao exercício de governar, para o qual os Silva, por serem
iletrados e subnutridos, estariam despreparados.
Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes e preconceituosos.
Ofenderam o povo brasileiro, que abriga, afinal, uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados.
De um lado, reforçam a ideia burra e cartorial de que o saber só existe se
for sacramentado pela escola e que tal saber é condição sine qua non para o
exercício do poder. De outro, pecam querendo nos fazer acreditar que quem
está com fome carece de qualidades para o exercício da representação
política.

A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a quem todos admiramos,
dessa vez pisou na bola. Feio.Venenosa! Êh êh êh êh êh!/ Erva venenosa, êh
êh êh êh êh!/ É pior do que cobra cascavel/ O seu veneno é cruel/ Deus do
céu!/Como ela é maldosa!
Nenhum dos dois - nem Caetano, nem Rita - têm tutano para entender esse
Brasil profundo que os silvas representam.
A senadora Marina da Silva tem mesmo cara de quem está com fome? Ou se trata
de um preconceito da roqueira, que só vê desnutrição ali onde nós vemos uma
beleza frágil e sofrida de Frida Kahlo, com seu cabelo amarrado em um coque,
seus vestidos longos e seu inevitável xale? Talvez Rita Lee tenha razão em
ver fome na cara de Marina, mas se trata de uma fome plural, cuja geografia
precisa ser delineada. Se for fome, é fome de quê?

O mapa da fome
A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de comida, fome que roeu sua
infância de menina seringueira, quando comeu a macaxeira que o capiroto
ralou. Traz em seu rosto as marcas da pobreza, de uma fome crônica que
nasceu com ela na colocação de Breu Velho, dentro do Seringal Bagaço, no
Acre. Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada, andava quilômetros para
cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água, pescava e até caçava.
Três de seus irmãos não aguentaram e acabaram aumentando o alto índice de
mortalidade infantil. Com seus 53 quilos atuais, a segunda fome de Marina é dos alimentos que,
mesmo agora, com salário de senadora, não pode usufruir: carne vermelha,
frutos do mar, lactose, condimentos e uma longa lista de uma rigorosa dieta
prescrita pelos médicos, em razão de doenças contraídas quando cortava
seringa no meio da floresta. Aos seis anos, ela teve o sangue contaminado
por mercúrio. Contraiu cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose.
A fome de conhecimentos é a terceira fome de Marina. Não havia escolas no
seringal. Ela adquiriu os saberes da floresta através da experiência e do
mundo mágico da oralidade. Quando contraiu hepatite, aos 16 anos, foi para a
cidade em busca de tratamento médico e aí mitigou o apetite por novos
saberes nas aulas do Mobral e no curso de Educação Integrada, onde aprendeu
a ler e escrever.
Fez os supletivos de 1º e 2º graus e depois o vestibular para o Curso de
História da Universidade Federal do Acre, trabalhando como empregada
doméstica, lavando roupa, cozinhando, faxinando.
Fome e sede de justiça: essa é sua quarta fome. Para saciá-la, militou nas
Comunidades Eclesiais de Base, na associação de moradores de seu bairro, no
movimento estudantil e sindical. Junto com Chico Mendes, fundou a CUT no
Acre e depois ajudou a construir o PT.
Exerceu dois mandatos de vereadora em Rio Branco, quando devolveu o dinheiro
das mordomias legais, mas escandalosas, forçando os demais vereadores a
fazerem o mesmo. Elegeu-se deputada estadual e depois senadora, também por
dois mandatos, defendendo os índios, os trabalhadores rurais e os povos da floresta.
Quem viveu da floresta, não quer que a floresta morra. A cidadania ambiental
faz parte da sua quinta fome. Ministra do Meio Ambiente, ela criou o Serviço
Florestal Brasileiro e o Fundo de Desenvolvimento para gerir as florestas e
estimular o manejo florestal.
Combateu, através do Ibama, as atividades predatórias. Reduziu, em três
anos, o desmatamento da Amazônia de 57%, com a apreensão de um milhão de
metros cúbicos de madeira, prisão de mais 700 criminosos ambientais,
desmonte de mais de 1,5 mil empresas ilegais e inibição de 37 mil
propriedades de grilagem.
Tudo vira bosta
Esse é o retrato das fomes de Marina da Silva que - na voz de Rita Lee - a
descredencia para o exercício da presidência da República porque, no frigir
dos ovos, o ovo frito, o caviar e o cozido/ a buchada e o cabrito/ o
cinzento e o colorido/a ditadura e o oprimido/ o prometido e não cumprido/
e o programa do partido: tudo vira bosta.
Lendo a declaração da roqueira, é o caso de devolver-lhe a letra de outra
música - Se Manca - dizendo a ela: Nem sou Lacan/ pra te botar no divã/ e
ouvir sua merda/ Se manca, neném!/ Gente mala a gente trata com desdém/ Se
manca, neném/ Não vem se achando bacana/ você é babaca.
Rita Lee é babaca? Claro que não, mas certamente cometeu uma babaquice. Numa
de suas músicas - Você vem - ela faz autocrítica antecipada, confessando:
Não entendo de política/ Juro que o Brasil não é mais chanchada/ Você vem
e faz piada. Como ela é mutante, esperamos que faça um gesto grandioso, um
pedido de desculpas dirigido ao povo brasileiro, cantando: Desculpe o auê/
Eu não queria magoar você.
A mesma bala do preconceito disparada contra Marina atingiu também a
ministra Dilma Rousseff, em quem Rita Lee também não vota porque, ela tem
cara de professora de matemática e mete medo. Ah, Rita Lee conseguiu o
milagre de tornar a ministra Dilma menos antipática! Não usaria essa imagem,
se tivesse aprendido elevar uma fração a uma potência, em Manaus, com a
professora Mercedes Ponce de Leão, tão fofinha, ou com a nega Nathércia
Menezes, tão altaneira.
Deixa ver se eu entendi direito: Marina não serve porque tem cara de fome.
Dilma, porque mete mais medo que um exército de logaritmos, catetos,
hipotenusas, senos e co-senos. Serra, todos nós sabemos, tem cara de
vampiro. Sobra quem?
Se for para votar em quem tem cara de quem comeu (e gostou), vamos
ressuscitar, então, Paulo Salim Maluf ou Collor de Mello, que exalam saúde
por todos os dentes. Ou o Sarney, untuoso, com sua cara de ratazana
bigoduda. Por que não chamar o José Roberto Arruda, dono de um apetite voraz
e de cuecões multi-bolsos? Como diriam os franceses, il péte de santé.
O banqueiro Daniel Dantas, bem escanhoado e já desalgemado, tem cara de quem
se alimenta bem Essa é a elite bem nutrida do Brasil Rita Lee não se enganou: Marina tem a cara de fome do Brasil,
mas isso não é motivo para deixar de votar nela, porque essa é também a cara da
resistência, da luta da inteligência contra a brutalidade, do milagre da
sobrevivência, o que lhe dá autoridade e a credencia para o exercício de
liderança em nosso país.
Marina Silva, a cara da fome? Esse é um argumento convincente para votar
nela. Se eu tinha alguma dúvida, Rita Lee me convenceu definitivamente.

(*) Professor, coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ)e
pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO) *



Um abraço a todos e tenham um fim de semana abençoado!